Conheça o médico que está tentando salvar o Hospital Pedro Ernesto

Mobilizamos a comunidade interna do hospital, há grupos com centenas de pessoas discutindo a situação do HUPE
— Henrique Aquino, médico do HUPE

Grave crise. Esta expressão define a situação do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), no Rio de Janeiro, segundo o professor de medicina Henrique Aquino. Ele, que atua no hospital há 35 anos e dá aulas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), criou um abaixo-assinado pedindo ao governador do Rio que não deixe a instituição morrer.

A boa notícia é que Henrique não está sozinho. Ele conta com o apoio de outros médicos, pacientes, estudantes e funcionários do HUPE e da UERJ. Juntos, eles já mobilizaram mais de 32 mil apoiadores e fizeram ações como estender uma faixa antes do jogo Flamengo x Vasco pedindo que o governo dê atenção para o hospital.

O médico Henrique Aquino, criador do abaixo-assinado

O médico Henrique Aquino, criador do abaixo-assinado

Rafael Sampaio, da Change.org, entrevistou Henrique Aquino para saber como está sendo fazer uma grande mobilização e mostrar que a mudança social está ao alcance de todos. Henrique contou, por exemplo, como surgiu a ideia do abaixo-assinado.

Tudo começou num dia pesado no HUPE, em que "uma série de pacientes tiveram que ser internados", diz o médico. “Cheguei à noite [em casa] no dia 19 e pensei: preciso fazer alguma coisa, do jeito que está o hospital vai fechar."

A esperança nasceu junto com a participação das pessoas. “O abaixo-assinado começou a crescer e crescer. Mobilizamos a comunidade interna do hospital”, afirma Henrique. Houve tanto apoio que os médicos do HUPE entregarão o abaixo-assinado nesta quarta (17) aos deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, durante uma audiência.

A entrevista foi dividida em duas partes. A primeira parte já está publicada e pode ser lida abaixo:


Change.org - Como surgiu a ideia do abaixo-assinado?

Henrique Aquino - Eu moro em São Conrado [bairro do Rio], conheci a Change.org através de um abaixo-assinado puxado por uma moradora do bairro que fez a mobilização por conta de um projeto da Prefeitura de fechar um retorno de tráfego. Ela puxou este abaixo-assinado, ele cresceu, e um dia eu recebi um email da Associação de Moradores do bairro para um debate com o prefeito [Eduardo Paes]. 

Após o abaixo-assinado dela, o prefeito mudou o projeto e está ouvindo e fazendo um acordo [com os moradores]. Pensei: “Poxa, o negócio funciona!”

Daí eu vi o HUPE vivendo uma crise enorme, uma série de leitos desativados. Aqui no Rio é feriado no dia 20 de janeiro, então cheguei à noite no dia 19 e pensei: preciso fazer alguma coisa, do jeito que está o hospital vai fechar. Foi um dia pesado, uma série de pacientes tiveram que ser internados.

Vi uma série de gente precisando de ajuda e nós [médicos do hospital] em dificuldade para atender. Cheguei em casa, me veio na cabeça esta ideia de fazer um abaixo-assinado na Change.org. Eu pensei: “E se eu criar?”

O negócio começou a pegar, o abaixo-assinado começou a crescer e crescer. Mobilizamos a comunidade interna do hospital, há grupos no WhatsApp com centenas de pessoas discutindo a situação do HUPE. Professores, estudantes, residentes, estão todos participando. A mobilização está muito boa.

Change.org - Para você, quais são os principais resultados?

Henrique Aquino - Tem essa coisa da mobilização da comunidade do HUPE, além do grande impacto externo, junto à imprensa, junto à opinião pública. [O abaixo-assinado] abriu canais de conversação, tanto no Legislativo quanto no Executivo. As secretarias do governo do Rio estavam com uma postura muito fechada, e agora estão tendo que mudar a postura porque a opinião pública está com a gente.